quinta-feira, setembro 11, 2014

II

o segundo ciclo
novidade
folha em branco
o amor devia chegar
em setembro

árvores novas
comichão no peito
sorrisos de bar
o amor devia chegar
em setembro

sem adiar
passagem confirmada
check in feito
sem atrasar
com charme, bigode
ou cabelos longos
do frio nórdico
ou do calor recifense

devia ser alegre
saltitante e livre
como uma criança
uma de nome em yorubá
com beijo doce
cheiro de laranja
e café da tarde

o amor devia chegar
quando eu fosse
lhe encontrar
em setembro:
é logo ali!

limpeza

apego
grude
fuligem de cidade
as lembranças encrostam
e só banhos de sal grosso
livram de todo mal
amém
sou fácil, bem sei
tenho saudade do que
nem vi
é praga de poeta
desses vagabundos que
caem de amor por
cidades
praças
bares
Saravá, sai pra lá
que os instantes me esqueçam
num quero me apaixonar

quinta-feira, setembro 04, 2014

cinza concreto

um monstro
cinza, seco, duro
um frio
carros, pés muros
bonitos
sem risos
mas cultos
rubros, brutos
São Paulo reproduz
em todos seus
algo mais
um mistério, suspeito
que não se deduz

quarta-feira, setembro 03, 2014

é chegado

a primavera tira
a poeira da camisa
colorida
tira do pulmão
cinza
traz calor ao coração
enterrado e guardado
cheio de mofo e saudade
a primavera traz
novos ares de ansiedade